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Oftalmologista, Dr. Campos Lopes

Dr. Campos Lopes

A banal blefarite

Numa viagem pelo mundo da blefarite encontramos mais espinhos que rosas.

A pálpebra é formada na sua parte externa por pele e na interna por mucosa. Entre ambas, na transição mucocutânea, semelhante à da boca e do nariz, existe uma área mais complexa do que aparenta- o bordo palpebral.

A blefarite é uma doença das pálpebras em que existe uma inflamação crónica muitas vezes secundária a doenças da pele da face.

É um diagnóstico frequente para o oftalmologista.

Pode afetar mais a porção anterior do bordo palpebral podendo apresentar escamas nas pestanas e infeção por estafilococos. Se afeta mais o bordo posterior vai alterar os orifícios das glândulas de Meibomius (glândulas sebáceas alteradas).

Em relação aos sintomas podem variar. Pode ser assintomática ou causar irritação ocular com ardência, picadas ou sensação de olho seco.

Os sinais são inflamação palpebral e conjuntivite.

As complicações podem ser hordéolo (treçolho) e a sua própria complicação o chalázio (quisto), olho seco e conjuntivite crónica.

Doenças de pele associadas são o acne a rosácea e a dermatite seborreica.

Se houver descamação nas pestanas pode haver infestação por Demodex que tem de ser tratada.

O tratamento pode ser de simples lubrificação com lágrimas artificiais a antibióticos e cortisona.

As doenças de pele devem ser tratadas.

A evolução pode ser para o agravamento com sintomas crónicos e incapacidade variável.

O prognóstico é benigno, mas por vezes incapacitante e sempre crónica.

Na verdade, a blefarite é importante porque é frequente, crónica, incapacitante, subdiagnosticada, menosprezada por ser simples e associada a outras patologias muitas vezes não reconhecidas. Quando identificada pode ser tratada por um oftalmologista e melhorada.

Rosa
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