Blue, bleu, blau…
Azul em português, porquê?
Porque a palavra «azul» tem origem na palavra árabe «lāzuward», que por sua vez tem origem no persa «lâjvard», o nome da pedra semipreciosa lápis-lazúli de cor azul vivo.
Os Egípcios usavam o lápis-lazúli há 5000 anos e trituravam essa pedra para obter pigmento.
Foram os fenícios que com a extração das secreções branquiais do molusco Murex criaram o pigmento mais procurado da antiguidade, a púrpura de Tiro, e o mais caro, pois a sua produção era em pequeníssimas quantidades.
Em Roma o Azul Imperial importado da Fenícia era quase um exclusivo dos Imperadores e sua elite. Plínio o Velho faz referência ao molusco e ao seu corante na sua obra História Natural.
No Oriente um pigmento extraído de uma planta chamada Indigófera tinctoria, tornou-se popular principalmente para tingir os tecidos.
Ficou conhecida nas jeans – índigo.
Azul é uma das 3 cores primárias ( o azul, o vermelho e o amarelo ) porque não se conseguem fazer a partir de outra cor. Nas impressoras é designado por cyan.
O Céu é azul porquê?
Porque a luz do Sol ao entrar na atmosfera é refratada e ao atingir os gases, principalmente oxigénio e azoto, é dispersada nas suas várias cores. A gama azul com o comprimento de onda mais curto é a que se espalha mais.
O planeta Terra é azul devido à maior massa de mar na sua superfície. Fez recentemente 50 anos que foi feita a primeira fotografia completa da Terra vista do espaço.
Cor da Borgonha, adotada para a bandeira da primeira dinastia de Portugal, pois foi a origem da linhagem do primeiro rei, antes de se ter alterado na mudança de regime para cores mais meridionais; mas o azul ficou no clube da cidade do Porto.
As zonas azuis ( blue zones ) da maior longevidade, com dieta e filosofia mediterrânicas, têm este nome porque foram assinaladas num mapa com uma caneta Bic azul.
A luz compõe-se de uma gama de radiações coloridas, como foi demonstrado por Newton, mas já os gregos e árabes antigos tinham teorias sobre a luz e o próprio Leonardo da Vinci tinha uma teoria das cores.
No olho há 3 recetores de cores – o azul, o verde e o vermelho – que são as células designadas por cones da retina. No daltonismo há uma deficiência de um destes cones. Há animais tetra cromáticos. Existem casos raríssimos de mulheres com 2 variedades diferentes de um dos três tipos de cones, que deveriam ser semelhantes, mas os dois cromossomas X herdados tem genes diferentes, que lhes conferem uma visão cromática de gama alargada.
Nós testamos a visão cromática com testes do tipo placas pseudoisocromáticas – Ishihara, onde se devem identificar padrões nas diversas cores, e o de Farnsworth-Munsell, em que se alinham as cores por ordem de semelhança.
Uma mutação de um gene, no norte da Europa, há entre 6 e 10 mil anos, em uma única pessoa, transformou a cor dos olhos, porque anteriormente eram todos castanhos.
Os olhos azuis não são de cor azul, mas dão essa tonalidade pela dupla reflexão e absorção da luz projetada na íris e criam essa perceção da cor.
A gama de luz ultravioleta é a mais energética e portanto a mais nociva. Os óculos têm filtro UV para proteção da retina. Recentemente, como a luz azul é a mais próxima da gama UV, tem-se postulado que a sua proteção seria benéfica para a retina e surgiram os óculos com filtro azul, particularmente para uso com equipamentos informáticos.
Este é a última publicação do ano. Temos tido um céu azul bonito e ininterrupto. Que o próximo ano continue azul e com os desejos de todos realizados.
Figuras
1- Marisqueira em Matosinhos com canilhas ( Murex )
2- Marrakech- mercado com Indigo á venda
3- Íris do olho
4- Planeta azul, imagem do espaço
5- Sala azul da clínica, mapa de Portugal em primeiro plano
6- História Natural, Plínio, onde é mencionado o molusco Murex e o seu corante
7- Óptica de Newton
8- Testes de cor da Clínica