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COMETA C/2019 Y4 ATLAS – NICTALOPIA

Oftalmologista, Dr. Campos Lopes
Dr. Campos Lopes, Médico Oftalmologista
O olho humano tem a capacidade de ver tanto com a luminosidade forte de um dia de verão do Algarve, como com a noite negra, mas estrelada, do Alentejo. Ao olhar para uma estrela ou galáxia, por exemplo Andrómeda, visível a olho nu, estamos a ver a luz emanada há milhões de anos, estamos a ver o passado de uma galáxia. A visão fotótica (de dia) é captada pelos recetores da retina – os cones – e a escotópica (de noite) pelos bastonetes. O cometa C/2019 Y4 ATLAS vem a caminho da terra na sua órbita longa e excêntrica. Se não se vaporizar ao aproximar-se do sol, pode proporcioar-nos um espetáculo idêntico ao do Halley em 1987 (hemisfério sul) ou do Hale-Bopp em 1997. Os babilónios, que tinham pavor aos eclipses, foram exaustivos a estudar o sol, a lua e as órbitas e descobriram a eclíptica (plano do sistema solar), assim como o zodíaco (divisão do firmamento em doze casas), tendo-nos legado o calendário de 12 meses de 30 dias, os 360 dias que deram origem aos 360 graus da divisão do círculo e o sistema sexagesimal ( 60´)das horas e graus. Ptolomeu, helénico de Alexandria do séc. II DC, criou o modelo geocêntrico com órbitras circulares que durou 14 séculos, só sendo modificado por Copérnico, cuja obra “De Revulotionibus Orbium Coelestium” existe na Biblioteca Municipal do Porto, que pôs o sol no centro do sistema solar (heliocêntrico). A visão noturna que nos é dada pelos recetores da retina (bastonetes) pode estar afetada e no limite causar cegueira noturna (nictalopia) em doenças como a retinopatia pigmentar, uma doença hereditária. Mas uma deficiência em vitamina A pode também provocar uma perda de visão noturna. Boa observação do cometa que aí vem, com uma visão noturna em pleno.
Figura 1 “De Revulotionibus Orbium Coelestium”, 1543, Nicolau Copérnico, Biblioteca Municipal do Porto.
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