Na primeira parte deste artigo vimos como a Matemática evoluiu de acordo com as necessidades da sociedade e podemos acrescentar que em Portugal, com os descobrimentos, também contribuímos para esse progresso, nomeadamente Pedro Nunes com a loxodrómica (a curva de rumo à superfície esférica da terra).
No verão de 1956 reuniu-se um grupo de cientistas no Dartmouth College, nos EUA, para inventarem durante esses meses um campo novo a que chamaram Inteligência Artificial (I. A.). Não lhes faltou ambição. A ideia era criar uma máquina com capacidade de aprendizagem ou inteligência, com linguagem para resolução de problemas. Afinal demorou mais do que um verão, e só sessenta anos depois o campo da I. A. disparou. Os campos definidos de início foram a tradução automática, a visão computorizada e o reconhecimento de voz. Mas o método de ir programando o computador não resultou. Com a acumulação de muita informação, por exemplo, o padrão de compras na internet, surgiu o que se designa por aprendizagem de máquina (machine learning). A uma escala muito grande, algo surpreendente acontece: as máquinas começam a fazer algo muito difícil (praticamente impossível) de programar diretamente, como completar frases na escrita inteligente ou recomendar produtos semelhantes para compra na internet.
Temos pois bases de dados gigantes, computadores com enorme capacidade de cálculo, mas em relação às imagens tudo era mais difícil. Aí surgem computadores com placas gráficas muito potentes e as chamadas redes neuronais, que em vários planos conseguem decompor uma imagem ao pixel e fazer uma análise pormenorizada por planos (aprendizagem profunda / deep learning).Com essas bases de dados com várias camadas de redes neuronais e com a correção de erros, gradualmente as respostas tornam-se cada vez mais precisas.
Na Medicina vão surgir tecnologias impensáveis até hoje. A AlphaFold da companhia DeepMind (Alphabet) é um software para estudar a sequência dos aminoácidos nas proteínas e a sua estrutura. A produção e manipulação de proteínas são fundamentais na farmacologia hoje.
A Oftalmologia já usufrui das vantagens da I. A.
A interpretação de imagens com resolução de 1 pixel é impossível pelo olho humano, e assim a interpretação destas com as redes neuronais deteta e classifica diferentes patologias. Todas as áreas de imagens (TAC, OCT) vão usufruir desta tecnologia.
Recentemente foi feita uma classificação de uveítes por I. A.
Embora o papel do médico seja sempre primordial os computadores vão ajudar a fazer o diagnóstico e implementar terapêuticas cada vez mais, no futuro.
Vem aí o 5G para os telemóveis, e com ele a realidade virtual de tipo imersiva com hologramas tridimensionais, com imagens em 3D, que vão revolucionar o ensino da anatomia e cirurgia.
No futuro próximo, vamos ter computadores quânticos que vão mudar o paradigma, com cálculos muito superiores e com gigantes como a Google e a IBM a investir fortemente nesta tecnologia.
“A Filosofia (i.e. a Física) encontra-se escrita neste grande livro (i. e. o Universo) que continuamente se abre perante os nossos olhos, que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os carateres em que está escrita. Ela está escrita em linguagem matemática “ – Galileo Galilei, Il Saggiatore (O Ensaiador).
