15
Ricardo Dias Oculoplástica
Ricardo Dias, Médico oftalmologista/Oculoplástica

É uma doença frequente, relacionada com perturbações anatómicas ou funcionais do nervo facial, provocando encerramento incompleto da fenda palpebral, exposição da córnea, ectropion da palpebra inferior, ptose do supracílio (sobrancelha), diminuição da produção de lágrima, etc...

Fig.1: Anatomia do nervo facial

É a causa mais frequente de diminuição dos movimentos da face. A paralisia de Bell é a forma clínica mais vezes observada, mas pode ocorrer paralisia facial devido a tumor da face, tumor intra cerebral, traumatismo craniano ou facial, etc. A gravidade da paralisia pode variar de ligeira a muito grave. A nível ocular a paralisia pode manifestar-se por exposição da córnea, pestanejar lento e incompleto, lagoftalmia (o olho está exposto), ectropion da palpebra inferior, ptose da sobrancelha, etc. O tratamento da paralisia facial é um grande desafio, devido á grande diversidade de problemas e manifestações sintomáticas.

Cada paciente necessita de cuidadosa avaliação e acompanhamento periódico, sobretudo devido às perturbações da córnea, que podem surgir a qualquer momento e comprometer significativamente a visão. Além da intensa lubrificação ocular, é recomendado o uso quase permanente de óculos, protecções contra o vento , etc. O doente deve ser ensinado a fazer a higiene e limpeza do olho todas as manhãs, a preparar e proteger o olho antes de ir dormir, acertar a lubrificação de acordo com as necessidades e com as actividades diárias. O doente deve ser ensinado a aplicar a medicação de modo simples e eficaz, a cumprir exercicios de fisioterapia etc.... Pode ser necessário operar muitos dos casos de paralisia facial!

Fig.2 Anatomia dos ramos do facial. BEM-Buraco estilo mastoideu

Os doentes são geralmente operados para corrigir deformações, para evitar complicações e/ou minorar a assimetria facial. No tratamento cirúrgico da exposição da córnea, estão descritas várias técnicas desde as blefarorrafias permanentes ou temporárias, o uso de toxina botulinica para imobilizar o orbicular palpebral, á implantação de pesos metálicos na palpebra superior, etc, sempre com o intuito de melhorar os mecanismos de protecção do globo ocular.

Fig.3 - Avaliação de encerramento parcial das pálpebras

Várias técnicas cirúrgicas estão descritas e são correntemente usadas para corrigir o ectropion da palpebra inferior em doentes com paralisia facial, ou fazer a elevação da palpebra inferior, que na paralisia facial é a mais atingida.

Fig.4-Encurtamento horizontal da palpebra inferior

Outras doenças

Além da doença de Parkinson, outras doenças podem manifestar-se com fraqueza dos musculos faciais. A distrofia oculo-faríngea, a distrofia miotónica, a oftalmoplegia crónica externa progressiva, são algumas das doenças com manifestações de apagamento da mimica facial. (Trataremos deste assunto no tema ptose palpebral).

Optimized with PageSpeed Ninja