O que é que a queda de um cometa na península de Yucatan tem a ver com as alergias oculares ou Fernando Pessoa com as infeções respiratórias? Pedro Nunes com a visão crepuscular e Descartes com a telemedicina? A passagem de um cometa com a nictilopia (visão noturna) e o holismo de Jan Smuts com a medicina baseada na evidência? Ou Leonardo da Vinci com a visão binocular e Colombo com as doenças genéticas?
Ao longo de vários anos fui escrevendo sobre várias temáticas associadas a interesses pessoais de longa data. O prazer foi grande e constituiu mais um motivo para ir comprando livros sobre tudo e todos.
Mas a conclusão é simples: tudo está relacionado com tudo o resto e basta olhar para ver.
Isto leva-nos à História Natural de Plínio o Velho, 1ª edição em castelhano, dedicada a D. FILIPE III ( II de Portugal ) editado em 1599.
Pode-se dizer que Aristóteles, de que falo no texto sobre Pedro Hispano, foi o primeiro sábio a reunir um corpo literário único na era grega, até citado por Plínio, e este foi o segundo.
Caio Segundo Plínio nasceu em Como em 23 d.C. e teve uma carreira militar e administrativa que o levou a viajar muito pelo Império Romano incluindo a Hispania. Era um apaixonado pela leitura e o estudo e possuía um conhecimento invulgar da natureza.
Escreveu a sua obra maior, que compreendia 37 volumes, onde fez a compilação do conhecimento da época, de astronomia, geografia, zoologia, botânica, medicina, farmacologia e arte. Dá-nos uma visão fascinante do mundo no 1º século DC. Continuou a ter uma grande influência durante séculos e ainda é citado na época da expansão portuguesa, nomeadamente Duarte Pacheco Pereira no Esmeraldo de Situ Orbis e Pedro Nunes no Tratado da Sphera.
Relativamente aos olhos, faz a sua descrição e enumera tratamentos disponíveis, uma curiosidade para o oftalmologista.
Tal era a sua ânsia do saber que morreu a 79 d.C., enquanto observava in loco a erupção do Vesúvio.
Boas leituras.
Boas férias.
